Com forte alta nos preços de alimentos e transportes, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,92 por cento em março, maior avanço para esses meses em 11 anos e acima das expectativas, ultrapassando o patamar de 6 por cento no acumulado em 12 meses mesmo após um ano de aperto da política monetária.
A inflação oficial do país atingiu 6,15 por cento em 12 meses em março, ante 5,68 por cento em fevereiro, quando havia avançado 0,69 por cento na comparação mensal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Com isso, o IPCA aproxima-se cada vez mais do teto da meta de inflação do governo, de 4,5 por cento, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
A taxa mensal foi a maior para março desde 2003, quando subiu 1,23 por cento, e ficou acima da visão mais pessimista em pesquisa da Reuters de alta de 0,90 por cento. O mesmo aconteceu para a inflação acumulada em 12 meses.
De acordo com o IBGE, o principal responsável pelo resultado mensal de março foi o grupo Alimentação e Bebidas, que sozinho foi responsável por 51 por cento do IPCA todo. Com alta de 1,92 por cento em março, após avanço de 0,56 por cento no mês anterior, o grupo teve impacto de 0,47 ponto percentual no indicador.
Entre os destaques neste grupo aparecem produtos importantes na mesa do consumidor como tomate, com alta mensal de 32,85 por cento e batata inglesa (35,05 por cento).
"A seca na lavouras foi a principal causa da alta dos alimentos e afeta o pasto do gado e o custo da agropecuária", afirmou a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos, que destacou ainda a possibilidade de especulação de preços e do impacto defesado do dólar mais alto.
A alta dos preços dos alimentos já vinha pressionando os índices inflacionários recentemente. A expectativa agora é se essa alta ao consumidor vai começar a arrefecer, acompanhando a descompressão no atacado.
Fonte: Reuters