A presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira que os brasileiros aprenderam a dar valor à liberdade, à democracia e ao direito de ir às ruas após passar por mais de duas décadas de ditadura militar, regime que teve início há exatos 50 anos, em 31 de março de 1964.
Dilma foi presa e torturada pelos militares durante a ditadura, quando esteve entre os milhares de brasileiros que resistiram ao golpe militar.
"O esforço de cada um de nós, de todas as lideranças do passado, daqueles que vivem e daqueles que morreram, fez com que nós ultrapassássemos essa época", afirmou a presidente durante cerimônia de assinatura de contrato no Palácio do Planalto.
"Aprendemos o valor a liberdade", acrescentou Dilma, lembrando que depois da redemocratização os brasileiros já elegeram "um ex-exilado (Fernando Henrique Cardoso), um líder sindical que foi preso várias vezes (Luiz Inácio Lula da Silva) e também uma mulher que foi prisioneira".
Dilma citou as manifestações de junho do ano passado em diversas cidades brasileiras, em que milhares de pessoas foram às ruas cobrar melhores serviços públicos e protestar contra a corrupção, entre outras coisas. Segundo a presidente, "não houve processo de abafamento desse fato" no Brasil.
"Aprendemos o valor de ir à ruas e mostramos um diferencial quando as pessoas foram às ruas por mais democracia", disse.
O golpe militar de 1964 deu início a um período de 21 anos de ditadura no Brasil e até hoje há revelações de pessoas que foram torturadas e mortas pelos militares.
Dilma instalou em 2012 a Comissão da Verdade com o objetivo de descobrir o que aconteceu durante a ditadura, mas sem poderes para rever a Lei da Anistia, que evitou julgamentos dos militares na Justiça.
"O dia de hoje exige que nós nos lembremos e contemos o que aconteceu, devemos isso a todos que morreram e desapareceram, devemos isso aos torturados e perseguidos, devemos às suas famílias, devemos a todos os brasileiros", disse.
Fonte: Reuters