No primeiro ano desde a sua surpreendente eleição, o papa Francisco ampliou tanto as esperanças em mudanças iminentes nos ensinamentos da Igreja que administrar todas as expectativas está sendo um desafio.
O pontífice argentino chamou a atenção do mundo ao sugerir que poderia abrandar regras estritas da Igreja Católica sobre o divórcio, controle de natalidade, ordenação de mulheres, casamento de sacerdotes e uniões homossexuais.
Comentários como "Quem sou eu para julgar?" sobre gays têm contrastado com o estilo mais distante de seus antecessores João Paulo 2º e Bento 16.
Mas, se por um lado suas palavras e aparições públicas têm encontrado ressonância em muitos católicos, qualquer um esperando mudanças rápidas sobre esses assuntos das manchetes irá provavelmente se decepcionar, disse o teólogo do Boston College Richard Gaillardetz.
"Há uma massa crítica de católicos que querem mudança", disse Gaillardet, presidente da Sociedade Teológica Católica da América. "Na mente de muitas pessoas, uma mudança substancial significa mudança em (...) controle de natalidade, ordenação de mulheres e casamento entre pessoas do mesmo sexo.
"Este papa empreendeu mudanças muito substanciais, mas isso não necessariamente se reflete em doutrinas específicas", acrescentou.
Em vez disso, dizem Gaillardetz e outros, o papa Francisco busca uma transformação mais profunda na Igreja para se tornar o que ele chama de um "hospital de campo" a serviço das necessidades dos fiéis, mais do que uma instituição voltada para dentro de si e mais preocupada com suas próprias regras e procedimentos.
De qualquer forma, ele parece estar enfrentando a versão religiosa do que os cientistas políticos chamam de "revolução de expectativas crescentes", o momento em que as pessoas pensam que seus distantes líderes os ouvem e começam a demandar mudanças.
Fonte: Reuters