Guilherme Arantes tem 37 anos só de carreira solo. Somado o período em que atuou na banda de rock progressivo Moto Perpétuo, essa conta já bate a casa dos 40 anos. Em todas essas décadas, é praticamente impossível encontrar alguém – principalmente acima de 30 anos – que nunca tenha ouvido ou sido embalado por uma música de Guilherme.
Mas agora o cantor quer dialogar com uma nova geração. O que sinaliza essa intenção foi a aproximação com a nova guarda da MPB e do indie rock brasileiro. Em seu mais recente disco, batizado de “Condição Humana (Sobre o Tempo)”, Guilherme contou com a participação de um time formado por Kassin, Adriano Cintra (ex-Cansei de Ser Sexy), Marcelo Jeneci, Thiago Pethit, Tiê e Tulipa Ruiz – além do experiente Edgard Scandurra.
Jeneci, por exemplo, nunca escondeu sua admiração pelo trabalho de Guilherme Arantes. Para a sorte dos amantes da boa música, essas duas gerações de tecladistas se encontraram em um trabalho único. Na faixa “O Que Se Leva (Temor ao Tempo)”, a sinergia entre os dois fecha o álbum de uma maneira que só comprova o que foi dito por Guilherme: ele ainda tem muito a oferecer.
De fato, nos últimos anos a obra do paulistano tem sido cada vez mais revisitada, como no caso da coletânea “A Cara e o Coração”, lançada em 2011 e que carrega uma série de canções perdidas dos discos “A Cara e Coragem” (1978) e “Coração Paulista” (1980). Essas músicas tiveram seus arranjos produzidos por bandas de Salvador, como Magiore, O Circulo e Radiola.
Apesar desse contato com a juventude, Guilherme está revivendo uma sonoridade que remete ao período em que suas melodias ecoavam por todos os cantos. O novo álbum tem o mesmo sabor dos seus grandes clássicos dos anos 70 e início dos 80. “Foi proposital. Queria que as pessoas pensassem: ‘onde paramos’? Durante os anos 80, houve uma certa euforia com a informatização da música. Exageramos nas produções em midi”, explica.
Todo o projeto foi conduzido no estúdio Coaxo do Sapo, construído por Guilherme na Barra do Jacuípe, em Camaçari (BA). Além do estúdio, o local paradisíaco também foi escolhido pelo artista para abrigar sua nova casa. “É um lugar maravilhoso, fica distante de todas as grandes cidades brasileiras. É mais fácil e rápido ir de São Paulo até Salvador do que atravessar a capital paulista. Me sinto privilegiado por manter minha carreira em alta mesmo estando morando na Bahia”, conta Guilherme.
Em época de divulgação de disco, o cantor paulistano fica na ponte aérea São Paulo-Salvador. “Ainda é impossível pensar em levar uma carreira sem passar por cidades como São Paulo e Rio de Janeiro”, opina Pedro Arantes, filho e produtor do cantor. “Mesmo sendo berço de um povo muito carinhoso, amigo e humano, a cena baiana ainda é muito limitada em termos de show business”, completa Guilherme.
INTERNET AOS 40
Trabalhando de forma independente, Guilherme Arantes planejou com o filho as estratégias de divulgação do novo CD. Optaram por explorar todas as ferramentas digitais disponíveis. “Ao investir pesado nas novas tecnologias, facilitamos o acesso do público ao trabalho do Guilherme”, explica Pedro.
As novas estratégias incluem a utilização de serviços de streaming para lançamento de conteúdo exclusivo, como no caso da música “Onde Estava Você”. “Vamos lançar uma versão acústica exclusiva dessa música para o Deezer e ainda temos planos de fazer algo especial com o single Você em mim”, conta o produtor.
Olhando para o passado, todo o registro dos 40 anos de carreira do cantor – incluindo o único com a banda Moto Perpétuo – está disponível em seu site oficial (guilhermearantes.com). “Um dia, eu estava acessando meu site de madrugada e me assustei com a quantidade de coisas que eu já fiz. Muitas delas eu já nem lembrava. Poxa, um dia eu gravei com o Gilberto Gil e ninguém ficou sabendo”, revela.
Fonte: Portal Sucesso