- A economia brasileira pode crescer entre 2,5 e 3 por cento em 2013, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista à Reuters, diante de um cenário de instabilidade que abateu os mercados recentemente e depois das manifestações populares que eclodiram em todo o país. Até então, as contas dele apontavam para expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 3 por cento neste ano.
A volatilidade mundial no câmbio originada pela comunicação inicial "não organizada" do Federal Reserve --banco central norte-americano-- e os protestos por aqui afetaram a atividade doméstica no segundo trimestre, cujo crescimento tende a ficar próximo ou um pouco acima da alta de 0,6 por cento ocorrida no primeiro trimestre, segundo Mantega.
Mantendo seu conhecido bom humor e à vontade na véspera de concluir os novos cortes de gasto público, Mantega disse que o objetivo é formar um colchão de reserva para cobrir eventual descumprimento por Estados e municípios da meta de superávit primário --a economia feita pelo governo para pagamento dos juros da dívida pública.
O ministro deixa aberta a possibilidade de recompor alguns tributos e ampliar a atual previsão de 45 bilhões de reais em abatimento da meta em 2013, por investimentos e desonerações.
Mentor financeiro do programa de concessões de infraestrutura, tido pelo governo como essencial na recuperação econômica, Mantega defendeu ainda que as taxas de retorno fixadas para os principais empreendimentos representam uma "belíssima" oportunidade de negócio, sinalizando que os percentuais não serão alterados.
Veja os principais trechos da entrevista, concedida na noite de quinta-feira.
REUTERS - Ministro, o sr. vai entregar o primário de 2,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano ou esse percentual ainda pode ser ajustado?
MANTEGA - O governo brasileiro tem entregue resultado excepcional em todos esses anos de modo que as contas brasileiras estão cada vez melhores, porque medimos as contas públicas pela dívida do país, que vem caindo, temos feito superávits primários maiores que a maioria dos países. Acho engraçado colocarem em dúvida nossa solidez fiscal. É claro que temos que permanecer vigilantes e termos resultado cada vez melhor dentro das circunstâncias. Em períodos de crise como esse dos últimos quatros anos e meio, é feito um resultado menor porque o Brasil usa política anticíclica. Nesse período boa parte dos países aumentou endividamento. No Brasil, estamos com déficit nominal controlado, que neste deverá ficar torno de 2,4, 2,3 por cento do PIB.
Fonte: Reuters