Arlindo Cruz é um nome de peso no cenário da cultura brasileira. Deixando de lado o trocadilho malicioso envolvendo seu porte físico, ele mantém-se como um dos mais importantes nomes do samba. Mas seu novo DVD apresenta uma postura arrojada. Entre um hit e outro, “Batuques do Meu Lugar” (Sony Music) retrata a dança africana e suas vestimentas – dando ênfase ao candomblé. “Essa parte da minha história não poderia ficar de fora. Nesse projeto, mostro o maracatu, o jongo, a umbanda e o candomblé. E não houve nenhum tipo de preconceito por parte do meu público. Ele entendeu que essas manifestações fazem parte da minha vida”, relata Arlindo. “A cultura negra está presente em quase todas as manifestações artísticas do Brasil. O carnaval é o exemplo mais claro disso”, completa.
Falando em carnaval, Arlindo Cruz conseguiu emplacar sua composição “Retratos de Um Brasil Plural” como samba enredo da Unidos da Vila Isabel em 2014. Em primeira mão, o artista adianta que a letra fala sobre Chico Mendes, o folclore nacional e os tipos de vegetação de cada região do Brasil. Apesar de ser torcedor e representante ilustre da Império Serrano, Arlindo conta que a Vila Isabel também conquistou um lugar em seu coração. Ele começou a parceria com a escola azul e branca através do convite de André Diniz, compositor oficial da Vila, que aliás assina parceria no samba vencedor. Ainda sobre o carnaval, Arlindo Cruz aprova o apoio da iniciativa privada às escolas. “O carnaval carioca é o cartão postal do Brasil, é a festa que mais recebe turistas no país. Precisa de patrocínio para melhorar cada vez mais”, ressalta.
CHAPA QUENTE
Na entrevista, sempre que comentava a atração comandada por Regina Casé, Arlindo Cruz soltava uma gargalhada e mostrava excitação. Quando perguntei o porque dessa euforia, ele foi categórico. “É um dos maiores presentes que eu poderia ganhar. Me descobri como ‘apresentador’ de TV. E trabalhar ao lado da Regina Casé é um grande aprendizado”, revela.
O “Esquenta” está no ar há três anos e Arlindo Cruz revelou que, em princípio, o programa era voltado apenas para o público que gosta de samba. “Essa ideia durou apenas um programa. Apesar da Regina estar cercada de sambistas, a mistura de gêneros aconteceu de forma espontânea. Esse foi o pulo do gato. O Esquenta agrada todos os tipos de público. É o programa da família brasileira”, avalia.
Na atração, Arlindo Cruz teve oportunidades únicas em sua carreira musical. Lá, fez parcerias inusitadas e agradáveis. “Em uma ocasião, toquei com a Orquestra Sinfônica da Comunidade de Heliópolis (São Paulo). Aquilo me comoveu muito e desde então tenho amadurecido a ideia de criar um projeto envolvendo músicos talentosos da periferia”, revela. Arlindo também ressaltou sua parceria com Maria Bethânia. “É uma diva da música popular e eu dividi o palco do programa com ela. A galera até brincou comigo dizendo que só depois dessa parceria eu me tornei importante”, diverte-se.
Nos bastidores do programa, Arlindo também é um dos que mais destaca. “Tem vezes que a Regina convida muitas pessoas e o camarim parece uma cela de Bangu 1. Daí eu brinco que se não arranjarem uma cela maior pra gente, vamos fazer rebelião. O Mumuzinho é o meu companheiro nessa”, diverte-se. “Participar desse programa fez com que as pessoas frequentassem mais os meus shows. Há até aqueles que não sabem cantar sequer uma música, mas vão me prestigiar porque me assistem aos domingos”, finaliza.
Fonte: Portal Sucesso