Muita coisa já mudou desde 1929, quando os recém-chegados à Flórida, fartos das nuvens de mosquitos, construíram uma torre para morcegos na ilha de Sugarloaf Key, na esperança de acabar com a praga.
Num Estado em grande parte coberto por pântanos e brejos, os mosquitos sempre mataram, fizeram adoecer, irritaram e frustraram inúmeros residentes e visitantes.
Hoje as equipes de combate enfrentam temperaturas mais altas, viagens e transportes internacionais e a evolução da regulamentação ambiental, fatores que facilitam a reprodução e o deslocamento dos mosquitos, mas dificultam sua eliminação.
Em julho houve um surto de dengue em Martin County, ao norte de Palm Beach, na costa leste do Estado.
Pensava-se que a doença tivesse sido erradicada. Vinte pessoas desenvolveram a dengue, que provoca sintomas semelhantes aos da gripe, além de dores corporais.
As autoridades de controle dos mosquitos temem que a dengue tenha se estabelecido no Estado. O último surto da doença --e o primeiro na Flórida em cerca de 70 anos-- foi em 2009 e 2010.
O problema parece estar sob controle por enquanto, porque a área afetada é pequena e o Estado, experiente na guerra contra os insetos.
"A Flórida é uma das líderes mundiais no controle profissional de mosquitos", disse Walter Tabachnick, professor no laboratório de entomologia médica da Universidade da Califórnia. "Antes, não era um lugar muito agradável para viver."
O Aedes aegypti, conhecido vulgarmente como o mosquito da dengue, é um mestre de sobrevivência que se reproduz e vive em cidades grandes e pequenas. Sendo capaz de viver numa tampa de garrafa, sob uma casa ou em qualquer recipiente que contenha água, é difícil de ser localizado e morto.
Combater o mosquito é como travar guerra urbana. Armados com pulverizadores manuais, os agentes de combate ao mosquito andam de casa em casa.
"O mosquito da dengue é um bicho insidioso", disse Gene Lemire, diretor de controle de mosquitos em Martin County. "Ele se esconde nas casas das pessoas, em fendas escuras e lugares onde o spray não os alcança."
As autoridades de saúde estão indo às casas para submeter os moradores a exames de sangue. Poucos lugares abordam o combate ao mosquito com espírito tão inovador quanto o arquipélago de Florida Keys, onde vivem 45 espécies de mosquito.
O distrito estuda comprar um pequeno drone (avião não tripulado) que use tecnologia infravermelha para localizar poças de água ocultas entre manguezais e vegetação.
Fonte: Folha.com share via face