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“Trabalhar ilegalmente é fácil, difícil é visitar o Brasil”, diz paulistana que mora nos EUA

Estados Unidos - 14/07/2013 10:07


A brasileira Rose Silva, que mora fora do País, sonha com o dia em que poderá visitar seus parentes no Brasil. Rose não está presa, não é acusada de nenhum crime nem está proibida de viajar. Ela só não embarca em um avião rumo a São Paulo porque vive, há oito anos, ilegalmente nos Estados Unidos.

Para poder novamente pisar em sua terra natal ? e depois retornar aos EUA para tocar a vida que tanto ama ?, Rose aposta todas as fichas na reforma da lei de imigração norte-americana, uma das promessas que levaram Barack Obama à reeleição em 2012.

O sonho de Rose está cada dia mais próximo, mas caminha a passos lentos. A chamada reforma imigratória dos Estados Unidos conquistou uma vitória importante na última semana de junho, quando foi aprovada pelo Senado norte-americano. O projeto ainda tramitará pela Câmara dos Representantes (Deputados), onde o texto poderá sofrer modificações ou mesmo ser rejeitado.

Atualmente, estima-se que 11,5 milhões de pessoas vivem de forma ilegal nos Estados Unidos. Se aprovado, o projeto poderá mudar a vida de muitos imigrantes, inclusive de alguns brasileiros, como Rose.

A paulistana viajou de férias aos Estados Unidos há oito anos, e resolveu permanecer no país após o vencimento do seu visto. Rose, que hoje trabalha como diarista em Nova York, contou ao R7 que foi demitida da empresa onde trabalhava em São Paulo, pouco antes da viagem, e que não teve problemas em encontrar trabalho nos Estados Unidos.

? Não estar legalizada não significa que não iremos conseguir trabalho. Ao contrário, o mercado da faxina, babá, construção, é onde tem mais pessoas assim.

Aos 46 anos, casada com um brasileiro que também está nos Estados Unidos ilegalmente e com um filho de cinco anos, Rose diz que não pensa em voltar ao Brasil porque se sente segura e livre no país. Mas reconhece que as mudanças que Barack Obama quer implantar na lei irão melhorar sua vida.

? Para mim o que muda é poder ir ao Brasil. (...) Fazemos nosso imposto todos os anos e talvez isto também já vá contar positivamente [para a legalização], mas até o momento ainda não saiu nada.

Impasses

O texto aprovado no dia 27 de junho no Senado americano prevê algumas condições para a concessão de cidadania, para evitar, segundo seus autores, que a nova lei “premie” quem chegou e permaneceu nos EUA de maneira irregular e impedir que estes “furem a fila” de quem optou pelo caminho legal ? mais lento ? e obteve visto.
Mas alguns críticos acreditam que certos pré-requisitos do projeto não são justificados, como, por exemplo, os altos custos do processo, a definição do que serão considerados “antecedentes criminais” e o tempo de espera ? que pode superar uma década.
O atentado durante a Maratona de Boston, que deixou três mortos e mais de 250 feridos em 15 de abril passado, também foi apontado como um possível entrave à reforma. Isso porque os dois principais suspeitos pelo crime, os irmãos Tsarnaev, são imigrantes da região do Cáucaso russo, viviam há dez anos nos EUA e buscavam a legalização.

Após a tragédia, a expectativa era de que a reforma da lei tramitasse de forma ainda mais lenta. Apesar disso, o texto foi aprovado pelos senadores.

A aprovação foi vista como um bom sinal para os milhões de imigrantes, mas a reforma enfrentará seu principal desafio na Câmara dos Representantes, que tem maioria republicana ? o partido se opunha à reforma até a reeleição de Obama, no ano passado.
Independentemente dos impasses, o sentimento dos brasileiros entrevistados pelo R7 é de esperança. Rodrigo Ferreira é um deles, brasileiro que vive há dois anos, de forma irregular, no Estado do Texas.

Quando viajou aos Estados Unidos, o jovem de 29 anos não planejava ficar além dos seis meses de seu visto, mas acabou mudando de ideia após conseguir um emprego no país.

? Nunca pensei em morar fora do Brasil, mas aqui estou tendo oportunidade de ganhar mais. De vez em quando penso em voltar, mas aí não teria como voltar atrás. Não sei se conseguiria vir para os Estados Unidos de novo.

Ferreira, que estuda inglês e trabalha como motorista há um ano e meio, disse que nunca sofreu nenhum tipo de preconceito por ser um imigrante ilegal.

? De começo é ruim falar sobre a minha estada aqui, porque não é legalizada, mas depois as pessoas acabam aceitando. Acho que já é bem comum mesmo.

Mas Ferreira também aguarda com esperança que os planos de Obama consigam ser aprovados no Congresso.

? O que mais me preocupa é quando eu conhecer alguém e quiser me casar. Como vou construir uma família assim? É nesse ponto que espero que o presidente consiga ajudar os imigrantes ilegais, afinal nós ajudamos o país e deveríamos fazer parte dele em todos os sentidos, direitos e deveres.

Além dos estimados 40 milhões de estrangeiros legalizados (o equivalente a quase 13% da população americana), o Departamento de Estatísticas sobre Imigração dos Estados Unidos (OIS, sigla em inglês) estima que outros 11,5 milhões de imigrantes ilegais residam no país.

Após a crise econômica de 2008, houve um decréscimo no número de estrangeiros que chegam aos Estados Unidos, mas o país ainda enfrenta um grande fluxo de imigrantes ilegais anualmente.
Fonte: R7

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